segunda-feira, 24 de maio de 2010

"Pulo do gato" Por Carlos Eduardo Guilherme (Pacome)


"Pulo do gato" Por Carlos Eduardo Guilherme (Pacome)


Afinal, o que é pulo do gato? É uma expressão popular que designa o segredo profissional. Este adágio é muito usado em Minas Gerais. Na verdade, pulo do gato, nada mais é do que transformar as tarefas difíceis e complicadas em soluções fáceis e objetivas. Ou seja, de simples execução. Onde aprendemos o pulo do gato? Nas universidades da vida. Sempre com seus currículos personalizados, onde a gente se matricula ao nascer e se diploma ao morrer. Afinal, a experiência é o melhor professor: ela aplica o teste antes da lição.
Abaixo vamos citar 10 dicas que poderão ser úteis aos treinadores de voleibol, que muito bem poderá se aplicar a outras modalidades esportivas.
1- Saber que o atleta dotado de qualidades físicas excepcionais (bom biótipo e talento) pode ser em algumas ocasiões, boicotado por outros companheiros de equipe que não possuam os mesmos predicados. Infelizmente, com medo de serem alcançados, alguns atletas agem de maneira pouco elegante e até mesmo desleal com o atleta de mais futuro;
2- Não se preocupar em fazer as substituições para agradar a atletas, familiares, público, cronistas esportivos, dirigentes etc. As substituições deverão ser feitas em benefícios exclusivos da equipe;
3- Estar sempre atento e orientar o atleta teimoso. Nos esportes coletivos, há um tipo de atleta que a todo instante contesta e discorda da orientação do treinador. O atleta teimoso poderá se desenvolver, mas sempre em ritmo mais lento aos demais colegas de equipe. Infelizmente, existem pessoas teimosas por natureza que sentem dificuldades em obedecer a qualquer tipo de orientação. Enquanto isso, o atleta maleável assimila sem restrições todos os ensinamentos à primeira vista, enquanto os teimosos vão deixando para depois tudo aquilo que se poderia aprender imediatamente, dificultando o trabalho do treinador, o progresso da equipe e o seu próprio;
4- É desaconselhável que o treinador participe de treinamentos e coletivos com os atletas que estejam sob sua direção. A sua presença entre os integrantes da equipe o impedirá de exercer sua verdadeira missão, que é de comandar, orientar, dirigir e corrigir. É mais prudente que ele impressione os atletas pelos seus conhecimentos, e não se exponha em quadra, onde seu conceito pode ser formado, não pelo seu conhecimento do esporte, mas sim pelas suas atuações individuais susceptíveis de oscilações positivas e negativas como jogador;
5- Não iludir o atleta com falsas expectativas. Ser franco e honesto sobre as possibilidades do futuro do atleta no esporte. Não se pode dar às pessoas o que elas não são capazes de receber. O técnico deve levar os atletas tão longe quanto eles são capazes de ir, e não tão longe quanto ele gostaria que fossem. Falsas expectativas, geralmente, causam uma frustração muito grande ao atleta. Inadvertidamente, alguns pais e até mesmo alguns técnicos cometem esse grave erro. Não podemos ajudar nenhum atleta a se desenvolver além de suas limitações como ser humano;
6- Estar em permanente estado de alerta com a atuação do líder negativo. O atleta pode agir como líder negativo, sem perceber as nocivas conseqüências de sua indesejável atuação entre os colegas de equipe. Normalmente, este tipo de atleta exerce liderança sobre seus colegas de equipe e, para conquistar a simpatia e a confiança, mostram-se sempre dóceis, agradáveis e prestativos, mas aguardando o momento de influenciá-los a cometer atos de indisciplina;
7- Por ser o técnico uma pessoa pública, é conveniente não tomar partido de nenhum movimento político, religioso, racial, político partidários, racial, sexual, étnico etc. Ele deverá ser muito discreto quanto a suas preferências. Assuntos de foro íntimo não devem ser levados a público;
8- Enfatizar e alardear as qualidades morais nas conquistas das grandes vitórias. As condições físicas, o desempenho técnico individual e o sistema tático coletivo exercem grande influência nos resultados dos jogos. Entretanto, as vitórias são conquistadas mesmo é pelo entusiasmo, ousadia, solidariedade, disciplina, espírito de luta, seriedade e valentia dos atletas. Uma equipe composta por jogadores covardes, afinadores, irresponsáveis, indisciplinados, e indiferentes à vitória ou à derrota, dificilmente conseguirá obter nas competições resultados positivos que sejam dignos de louvores;
9- Após as derrotas, ter muito cuidado com as palavras e atitudes. Nesses momentos é que se percebe o equilíbrio do treinador. Ganhar é fácil, difícil é administrar derrotas. Podemos perder o jogo, mas, jamais a linha. Alguns treinadores costumam perder o jogo e a compostura.
10- Saber e entender que ser campeão é muito bom. No entanto, deverá estar preparado para as "conseqüências" do título. Meu pai, Adolfo Guilherme, técnico da velha-guarda, dizia: "É muito bom ser campeão, mas é muito difícil lidar com os campeões".
Enquanto as coisas grandes podem ser vistas de olhos fechados, as pequenas exigem os dois olhos bem abertos. São os detalhes que demarcam a fronteira entre o êxito e o fracasso. Portanto, não custa nada o técnico ser precavido. Afinal, cautela e canja de galinha não fazem mal a ninguém.

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